Ainda que o século XX em Albergaria-a-Velha tenha sido predominantemente industrial, as atividades artesanais iniciadas em séculos anteriores deixaram a sua marca nos trajes associados às profissões rurais, artesanais e agrícolas. Por outro lado, e tal como sucede no concelho de Aveiro, as romarias e ocasiões festivas obrigavam a uma indumentária mais cuidada e rica. Destaque-se que tanto os trajes de trabalho como aqueles associados às festas e momentos de lazer se caracterizam pela profusão de elementos que, não obstante, compõem um conjunto harmonioso.
A posição privilegiada de Albergaria-a-Velha permitia aos seus habitantes dirigirem-se às feiras do próprio concelho e de concelhos vizinhos, nomeadamente de Aveiro e de Oliveira do Bairro, onde realizavam compras e vendas.
Num território onde as fundições representavam uma indústria de relevo, o ferro velho era encarado como uma matéria-prima, daí que houvesse pessoas dedicadas à sua procura e venda. Para além da indispensável balança vertical de mola, a mercadora envergava um traje particular, composto por:
A leiteira era uma presença habitual nas ruas de Albergaria, desde que raiava o dia, onde vendia leite aos habitantes, quer fossem pobres ou ricos. Por este motivo, preocupava-se com o seu vestuário, assim envergando:
Tal como Aveiro, também Albergaria tinha tremoceiras típicas que andavam pelas ruas da vila ao domingo para vender os tremoços que as próprias haviam cultivado. As cores garridas do traje faziam com que esta figura se distinguisse, assim envergando:
As moleiras eram provenientes, principalmente, de Vale Maior, Fontão e Angeja, mas percorriam todo o concelho em busca de milho e ocasionalmente também de arroz. Entregavam também o saco de farinha, designado por taleiga. O chapéu vareiro era um elemento eventualmente presente no seu traje, embora fosse certo que este apresentasse:
Para além das moleiras, também os moleiros tinham um traje específico, normalmente composto por:
A proximidade de Frossos ao rio Vouga possibilitou a formação de um grupo de profissionais que se ocupavam do transporte de pessoas entre as margens do rio, numa embarcação (designada por bateira) com alguma fragilidade. O traje, partilhado com o do pescador do rio Vouga, era constituído por:
O traje dos trabalhadores do campo era, necessariamente, composto por elementos práticos e úteis para o trabalho manual, exposto a quaisquer condições meteorológicas.
O traje da mulher incluía:
O traje do homem era composto por:
As mulheres que trabalhavam noutro meio que não o campo envergavam frequentemente um outro traje de trabalho, constituído igualmente por elementos simples:
Em tempos idos, uma figura típica do lugar do Fial era a carvoeira que, para além do saco de linhagem que carregava à cabeça, cheio de carvão, usava o seguinte traje:
Aquando do Toque das Trindades, as jovens raparigas de Albergaria pegavam no cântaro para ir buscar água à fonte, ocasião que lhes permitia também espairecer e conversar, frequentemente com o seu namorado. Em tempos, o principal chafariz de Albergaria localizava-se no largo da vila, no cruzamento das ruas principais e era aí que se reuniam jovens com trajes semelhantes entre si, com:
Para ocasiões festivas e de lazer estavam reservados trajes mais cuidados, sendo, no entanto, notória a diferença de classes. Enquanto os mais ricos podiam recorrer a materiais de maior luxo, as classes menos favorecidas usavam esporadicamente uma peça de maior valor, trajando, no entanto, com claro brio.
A romeira transportava na condessa, frequentemente levada à cabeça, uma merenda para partilhar no âmbito das celebrações em honra de Nossa Senhora do Socorro. A condessa é sempre coberta com uma toalha de linho e, entre os elementos do traje, destacam-se:
O romeiro acompanhava a esposa ou namorada à romaria, trajado com igual primor:
Mesmo a mais humilde mulher do povo usava um traje especial ao domingo para se deslocar à missa, que era constituído por:
Se as tricanas fazem parte do imaginário identitário de Aveiro, o vestuário destas senhoras influenciou também a moda albergariense. Aí, as tricanas trajavam da seguinte forma:
A cerimónia de casamento era, previsivelmente, um evento importante que requeria um traje especialmente cuidado.
A indumentária da noiva incluía:
Já o traje do noivo incluía os seguintes elementos:
As mulheres, em particular aquelas pertencentes a famílias mais abastadas, trajavam com esmero para assistir às cerimónias de culto religioso, fosse uma missa ou qualquer outro evento festivo. Aliás, esta era também a indumentária envergada durante a Semana Santa. Este traje rico apresentava:
Esta mulher, normalmente filha ou esposa dos lavradores mais abastados, vestia com maior luxo que as humildes lavradeiras, com tecidos e acessórios mais caros, nomeadamente:
No lugar do Sobreiro, pertencente à freguesia de Albergaria-a-Velha, residiam alguns lavradores com algumas posses mais desafogadas, o que lhes permitia usar um traje relativamente mais cuidado do que aquele que era envergado pelos restantes lavradores.
O traje da mulher incluía:
O traje do homem era composto por:
Apesar das poucas posses, as mulheres do povo prestavam especial atenção ao traje que escolhiam para participarem nas romarias de Albergaria e dos concelhos limítrofes. Este traje incluía:
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