Músicas sobre património

Aveiro é um concelho não só rico em património natural mas principalmente em constante interação com este e sujeito às suas contingências. Se atualmente a ria é alvo de contemplação de população e visitantes, no passado era fonte de sustento, desenvolvimento económico e preocupação. O que a ria proporcionava rapidamente podia retirar por via da imprevisibilidade das condições naturais, mas a população de Aveiro sempre demonstrou algo semelhante a devoção para com o seu maior património. As referências à ria são transversais a muitas das músicas populares, sendo a clara protagonista em “Oh! Minha ria” ou “Canção da Ria” e merecendo também destaque quando se caracteriza a cidade em “Oh! Aveiro, Oh! Aveiro” ou se descreve “O Moliceiro”. 

Oh! Minha ria

Reportório do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas

I
Oh! Ria berço de sonho
Espelho do meu desejo
Tens um encanto risonho
És todo o prazer dum beijo.
Tão bela fresca e airosa
A espreguiçar-se na areia
És fada maravilhosa
Com atrações de sereia.

Refrão:
Mulheres                                                    Homens
Oh! Ria
Oh! Ria tão formosa
Oh! Ria
És o meu ideal
Oh! Ria és tão bela e tão airosa                Oh! Ria és tão bela e tão airosa
És a ria mais ditosa                                   És a ria mais ditosa
Das rias de Portugal.                                 Das rias de Portugal.

II
Ao poente as tuas águas
Cheinhas de graça e cor
Fazem espairecer as mágoas 
E aumentar o amor.
Por isso tu dás saúde
Aos corações em magia
És jardim da juventude
Paraíso da alegria.

Final:
Oh! Minha ria      Homens
Oh! Ria linda       Todos

Canção da Ria

Reportório do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas

I
A navegar
Serena e docemente
A velejar
Tão sós e mansamente
Pela ria
Tem magia
Ouvir as ondas do mar
Suspirar…

Refrão:
A ria
Sob um docel todo o luar
Tem o sorrir terno de amor
A ria
Águas de prata a rebrilhar
Com tal beleza a transbordar
Fulgor…
A ria
Tem encantos divinais
No sol doirado a cintilar
A ria
Dá-nos imagens ideais
Na mansidão dos canais
Tão docemente a murmurar.

II
Há só estrelas
O céu tem tal grandeza
Alegra vê-las
Em virginal pureza
A sorrir
Reluzir
E as almas de todas elas
Sempre belas.

Oh! Aveiro, Oh! Aveiro

Reportório do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas

Coro:
Oh! Aveiro
Oh! Aveiro
Oh! Aveiro sem rival
Meu formoso
Cativeiro
Das ondas de Portugal!

Doce Fada
Namorada
Duma beleza sem par
És ainda
Terra linda
Linda terra à beira-mar.

Solo:
Gaivotas voando
Num voo ligeiro
Lá voam cantando
A ria de Aveiro.

E os barcos na ria
E as velas no ar
Dão mais alegria
Às ondas do mar.

Coro:
Doce fada
Namorada
Duma beleza sem par.
És ainda
Terra linda
Linda terra à beira-mar.

Oh! Aveiro
Oh! Aveiro
Oh! Aveiro sem rival!
Meu formoso
Cativeiro
Das ondas de Portugal.

O Moliceiro

Reportório do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas

I
Meia noite, ria abaixo
Lá vai leste o moliceiro. (BIS)
É das coisas mais bonitas
Que tem a ria d’Aveiro    (BIS)

Refrão:
Ai! Ai! Ai!
Lindo Moliceiro
Deixa-me ir contigo
P’rá ria d’Aveiro.
P’rá ria d’Aveiro
P’rá ria de Ovar
Lindo moliceiro
Que andas a vogar.
Que andas a vogar
Na ria d’Aveiro
Deixa-me ir contigo
Lindo moliceiro.

II
Nas noites em que há luar
Quando passas moliceiro.  (BIS)
Vais retratando nas águas
A saudade dum barqueiro. (BIS)

Dada a comunhão entre Aveiro e os concelhos limítrofes, o cancioneiro popular inclui também músicas alusivas às praias que, ainda que não fazendo parte do território aveirense, fazem parte das vivências e da memória coletiva dos seus habitantes. Por esse motivo, não podemos deixar de apresentar alguns exemplos.

Aveiro e suas praias

Reportório do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas

I
Barra é maravilha de Aveiro em flor
Onde o sol mais brilha e o céu tem mais cor
Lindas salineiras, belas de encantar           (BIS)
O mar a seus pés, sereias e fadas.

Refrão:
Barra praia de lenda d’enfeitiçar
Feita de renda branca do mar
Barra de fulgor raro                                  (BIS)
É uma praia de céu claro
Barra praia ideal
Do sol mais lindo de Portugal

II 
Nas tardes amenas soberba magia
Murmuram serenas as águas da ria
E suas salinas noivas do altar                         (BIS)
Tem lindas tricanas para desposar.

Apesar do destaque atribuído ao património natural, o património construído, especialmente aquele associado à religiosidade, é também explorado, nomeadamente através da canção “Capelas de Aveiro”. Na secção dedicada às Músicas sobre devoção é também possível encontrar outros poemas com referências a igrejas e capelas específicas. 

Capelas de Aveiro

Reportório do Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas

I
Aveiro e suas capelas
Dizem bem
Dste povo à beira-mar
Nosso Senhor das Barrocas
Junto a Sá
Mártir S. Sebastião e d’Alegria.

Nossa Senhora das Febres
Em São Roque
Vendo a ria e seus barcos navegar
E no centro da cidade na beira-mar
São Gonçalinho
Eu vou cantar.

Refrão:
Capelas de Aveiro
Refúgio do povo
Oração primeiro
E há vida de novo
O povo a rezar
A Deus e aos santos
Depois trabalhar    (BIS)
Nesta terra de encantos.

II
A Nossa Senhora da Ajuda 
Em São Tiago
Advoga as nossas dores
Era a zona mais campestre
Da cidade
Bem juntinha à nossa fonte dos amores
Santos Mártires venerados
No Alboi
O seu povo acredita nas alminhas
Da torre do seminário podem ver
O branco sal
E as marinhas.